domingo, 26 de abril de 2020

O 25 DE ABRIL NO MUNDO FLORIDO DA DONA ELISA...




 


25 de Abril... Passava das três horas da tarde em que, quase todo o Portugal, festejava esta data, que tanto promete, das janelas das suas casas cantando o "Grândola, Vila Morena". A Dona Elisa, vizinha da frente mantem-se em casa, como grande parte de nós nesta altura dos acontecimentos. É uma octagenária que muito lutou ao longo da vida que muitas voltas lhe deu. Hoje, a sua casa e o seu jardim são o seu mundo, o seu refúgio, escondido dos olhares de quem passa à porta, e que lhe ocupa grande parte do tempo. Aliás, como sempre aconteceu. Não tem mãos a medir. Faz tudo, o que lhe está ao alcance, dentro de casa... e do seu pequeno mundo que está confinado ao seu quintal.

Ainda assim, reservou um tempinho para nós duas. Com as nossas máscaras e as devidas precauções de "afastamento social" encontrámo-nos neste mundo só possível existir pelas mãos de quem tem um amor incondicional às suas plantas. O tempo voou neste dia de sol radiante. Fizemos um percurso por flores de todas as formas e feitios. Um pequeno jardim que mais parece um jardim botânico em que as várias espécies são tratadas por tu pela dona Elisa que conhece todas as suas origens e as histórias que têm para contar. Umas foram oferta de quem conhecia a paixão desta senhora por plantas, outras foram compradas e, ainda outras, foram herdadas, da mãe, da sogra e da avó... O "dedo verde" é isso __ em tudo que toca e trata com carinho, floresce uma flor, cresce uma couve, ou frutificam a figueira, a goiabeira, o limoeiro, o maracujá e plantas exóticas que já não o são tanto porque foram importadas para a Europa, tal como os chorões que vieram da Austrália. 










Hoje, já não me lembro do nome de muitas das plantas que ia vendo, outras também eu as conhecia possivelmente com outras cores e outros tamanhos, mas ficou-me prometido que, da próxima vez, já teria um pequenino letreiro em cada uma das plantas.

Pois é... sentada eu numa cadeira tipicamente alentejana, terminámos o nosso périplo por aquele quintal bem português. Em que, não podiam faltar os cravos das mais variadas cores e os brincos de princesa, para além das sardinheiras, essas plantas também tão típicas do nosso Portugal, que nesta altura celebra mais um 25 de Abril só que em casa. Eu vivi-o com a Dona Elisa, ouvindo-a contar a sua história de vida e de conhecimento adquirido nessa grande escola que é a própria vida...

Concluindo: Passei o meu 25 de Abril no meio de cravos, rosas e citrinos do quintal da Dona Elisa...






Ficou a promessa de voltar... Promessa de voltar quando tudo passar. Para já, o contacto visual das nossas janelas, terá que ser suficiente. Promessa tal como é a de o festejo do 25 de Abril se fazer todos os anos, fora de casa, nas ruas, ou dentro de casa confinados a um mundo que pode ser mais vasto que o das grandes multidões ...






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