segunda-feira, 29 de outubro de 2018

BOM DIA!




"Dê a cada dia a possibilidade de ser o melhor dia da sua vida"


Será que o conseguimos? Todos nós temos os nossos problemas que, por vezes, são bem difíceis e complexos... Ainda assim, não custa tentar dar uma oportunidade ao dia de hoje. Sabe tão bem ouvir: "Olá, bom dia!" logo pela manhã. Não vamos esquecer de quem queremos, ainda que seja numa breve mensagem ou no esboço de um sorriso. Vamos pôr em cada pequeno nada que tenhamos que fazer todo o empenho e engenho para o tornar numa conquista: "já está feito"; "dá-me prazer fazê-lo"; "não consigo fazer melhor"… Apreciemos tudo de bonito e belo que nos rodeia e fechemos um pouco os olhos para o que de mais feio possa aparecer se não o pudermos evitar. Procuremos as boas notícias que nos alegram e deixemos de lado os actos violentos que afectam a sociedade humana. Não podemos ignorar tantos dramas que afetam tantos seres humanos que sofrem, mas demos as mãos a quem está perto e onde podemos chegar. Não necessitamos de ser uma Florence Nightingale, mas podemos ser nós próprios e dar um sentido a este dia que hoje temos em frente.  




Comecemos por aqui, dar os bons dias a quem encontrarmos no dia de hoje.
BOM DIA!😊



"... Quem acordou sorrindo, mandou embora a tristeza…"

("Bom dia!" - Vídeo enviado por uma amiga)



(Imagens retiradas da NET)






sexta-feira, 26 de outubro de 2018

BALOIÇOS - OS DE ONTÉM E OS DE HOJE





Quando a idade avança os esquecimentos vão sendo cada vez maiores: o que comi ontem, onde deixei as chaves, já tomei o comprimido?… Chegamos ao ponto de cantarolar as canções da nossa infância sem que se "justifique", de repisar os episódios que já estavam esquecidos no passado… Mas, por vezes, a visão do presente, faz-nos voar no tempo e lembrar pequenos nadas que, hoje, para nós são tanta coisa… São coisas que nunca são esquecidas e nos trazem tanto conforto e o sentimento de carinho por um tempo que fica gravado na nossa memória, qualquer que seja a nossa idade e o estado do nosso consciente. É isso que queremos deixar aos nossos filhos, aos nossos netos e aos nossos alunos, (embora os tempos possam ser diferentes), essas doces recordações que ficam para toda a vida.




Éramos pequenitos… 5,6 anos. A casa de um só piso térreo estava envolta por um pequeno paraíso: o espaço onde construímos com o nosso pai uma pequena horta com as cenouras que mal deixávamos crescer ou lavar para as poder comer; os limoeiros aos quais subíamos para apanhar os limões que adoçávamos com o açúcar que trazíamos em pacotes de papel pardo que íamos buscar à mercearia do fundo da rua; o galinheiro onde tínhamos as galinhas que vimos irromper dos ovos juntamente com a ajuda da nossa mãe; a rua que partilhávamos com os miúdos da vizinhança...

Mas… mágica, mágica… era a nossa árvore imensa que chegava ao telhado da casa e foi palco de muita fantasia. Tinha uma copa frondosa com ramos grossos dos quais pendiam duas cordas que sustentavam uma tábua __ era o nosso baloiço!...






Aqui os baloiços são diferentes. Servem a miúdos e a graúdos. São estudados. Foram feitos cálculos quanto aos materiais adequados, quanto à sua resistência, quanto à mecânica dos equipamentos. São feitos estudos ergonómicos e arquitectónicos. Tudo pensado numa dinâmica urbana. O cinzento, a pedra, a madeira, o metal... O ângulo certo, a altura devida, o número de argolas, as estacas…


Nestes baloiços não há improvisos. Servem para a pequenada do número 10 do 4º direito e do 5º esquerdo se juntar rodando pelos aparelhos que estão dispersos de forma agradável num parque que se disponibiliza para todos. Sim… porque, durante o fim de semana, os pais ou a vizinha do R/C esquerdo que não têm oportunidade de o fazer durante a semana, podem também eles ir praticar alguma actividade física em corridas e flexões para perderem os quilitos acumulados ao computador e nos almoços de trabalho. E, quando a respiração é ajudada pelas agulhas dos pinheiros, o efeito é redobrado.


Só há um pequeno senão… uma coisa que não os deixa ser tão "mágicos"… __ não foram feitos quando tínhamos 5,6 anos pelo nosso pai com a nossa ajuda para pendurar as duas cordas do ramo da árvore junto à casa e encontrar o ponto certo do equilíbrio da tábua.

Os nossos filhos, os nossos netos e os nossos alunos não terão a visão de uma árvore frondosa com duas cordas pendentes que faziam de baloiço. Mas, certamente, que terão a recordação de parques ergonómicos em que os seus pais, avós e professores tinham tempo para os acompanhar criando momentos que para sempre serão um pequeno tesouro e um refúgio nos momentos de maior turbulência. Quem sabe, um dia, já velhinhos, não são essas histórias e esses momentos que vão repisando e lhes vão dando alento para enfrentar uma fase da vida em que já não podem andar de baloiço. São esses pequenos nadas que vão passando de geração em geração e que temos que ter tempo para dar.





(Fotografias tiradas no Parque do Junqueiro - Parede/Cascais)








quinta-feira, 25 de outubro de 2018

NA MARCHA DO TEMPO, SERRAMOS FILEIRAS





O tempo marcha cada vez mais rápido. Nós temos que o acompanhar… e o folego vai faltando, às vezes. A marcha é acelerada, os pais velhotes, nós na idade madura e os filhos e sobrinhos, na flor da idade, já homens e mulheres. Sentimos que a marcha já não está tão segura, alguns de nós vão vacilando. É então que temos que serrar fileiras. Da caminhada mais firme que cada um de nós possa tentar, da procura de um sentido para a passagem do tempo e da vida, surgirá uma força que nos ajudará a vencer as dificuldades que se poem a cada uma das etapas desta caminhada.  




(Fotos retiradas da NET)




quarta-feira, 24 de outubro de 2018

CANCRO DA MAMA - O QUE JÁ ESTAVA ESQUECIDO






Quando somos acompanhados com carinho por quem nos rodeia, quando temos fé e confiamos naqueles que nos tratam e nas novas tecnologias para controlar a doença, então tudo de menos bom por que passámos se atenua e ficam a lembrança do apoio que recebemos e a certeza que fomos capazes de ultrapassar estes momentos maus com o mínimo de sofrimento possível.


É verdade, não te posso dizer que é fácil. Não é. Mas ajuda muito saber que outros passaram por isto e que, o ultrapassaram com mais ânimo, graças à partilha de uma esperança de que será uma situação passageira e à teimosia em aguentar todo o mal estar provocado pelos tratamentos necessários com espírito positivo.


Ao falar contigo, já me esquecia de que também tive dores musculares e articulares, dormência nos pés e nas mãos, um cansaço extremo e injustificado… É verdade, também os tive, variando o grau de intensidade de sessão para sessão e mantendo-se a dormência nas mãos e, sobretudo, nos pés até mesmo bastante depois de terminada a Quimioterapia. Só que tudo já passou e, como a memória é curta, isso já ficou para trás. Agora, ao descreveres-me o que se está a passar contigo, é que me lembrei que, todos até podemos passar por isso…, só não esquecemos que tivemos quem tivesse estado connosco apoiando-nos nestes momentos, tornando mais suave a nossa passagem por uma fase da vida menos boa mas necessária para se ultrapassar esta doença. Tive essa sorte. Penso que também a terás...


É isso, temos que nos encher de coragem e de paciência e, acima de tudo, acreditar… ACREDITAR em que tudo vai passar e que vamos ficar curados. Como se costuma dizer: "É meia cura, meio caminho andado…"



sábado, 20 de outubro de 2018

"WHAT A WONDERFUL WORLD!"




(Vídeo enviado por uma amiga)



Há músicas e mensagens que nos deixam felizes e de bem com a vida. Esta canção, imortalizada por Louis Armstrong, é uma delas. Música, canção e imagens embalam os nossos sentidos. É uma mensagem de esperança num Mundo tão agitado e conturbado como está o nosso um pouquinho por todo o lado:


"Eu vejo as árvores verdes, rosas vermelhas também. Eu as vejo florescer para mim e você. E penso para mim mesmo: Que Mundo maravilhoso!"
"Eu vejo os céus tão azuis e as nuvens tão brancas. O brilho abençoado do dia e a escuridão sagrada da noite. E penso para mim mesmo: Que Mundo maravilhoso!"
"As cores do arco-íris tão bonitas no céu, estão também nos rostos das pessoas que se vão. Vejo amigos apertando as mãos e dizendo: __ "Como vai você?". Eles realmente dizem: __ "Amo-te!""
"Eu ouço bebés chorando, eu os vejo crescer. Eles aprenderão muito mais do que eu jamais saberei. E penso para mim mesmo: Que Mundo maravilhoso!"

"A vida é uma linda viagem cujo roteiro nós mesmo traçamos no dia-a-dia. Aproveite cada momento desta viagem, pois a passagem é só de ida. Bom dia!" 


Porém, quantas vezes o mar da vida está enfurecido, a ventania é forte e a terra se zanga, mas há quem ainda assim consiga resistir numa determinação firme de manter o rumo da sua trajectória pensando sobretudo em segurar o leme no momento presente, transformando a tempestade num desafio, o ontem numa alegre recordação e o amanhã numa visão de esperança e realização. É isso que desejo para cada um de nós, qualquer que seja o mundo que nos rodeie.





sexta-feira, 19 de outubro de 2018

TRANSFORMAÇÃO...






Façamos da interrupção um caminho novo.
Da queda um passo de dança,
do medo uma escada,
do sonho uma ponte,
da procura um encontro!



(Poema de Fernando Sabino)




Quantas encruzilhadas não se nos poem à frente  na nossa caminhada e nos fazem mudar de rumo; quantas quedas não damos e nos obrigam a levantar de novo; quantas vezes não temos que transformar os nossos medos numa luta para recuperar as nossas forças…


Mas são os nossos sonhos que nos levam à frente e a procura de um destino melhor que nos levam à realização do nosso dia-a-dia.  





CANCRO DA MAMA - ESSE TEU RISO CRISTALINO





É a véspera de mais um tratamento. Há que fazer a cortisona em dose reforçada durante a noite para te preparar para mais uma sessão de quimioterapia que te vai deitar a baixo, (tu sabes), mas não vais deixar… Telefonei-te, descreveste-me as peripécias da nova cabeleira e das tuas pestanas e sobrancelhas que agora são ralas… Falámos, e fiquei descansada, (és mais uma lutadora), quando ouvi o teu riso cristalino apesar do caminho que tens a percorrer. Uma etapa de cada vez com a esperança renovada de as ir vencendo passinho a passinho, mas sem deixar nunca esse riso tão lindo que também a nós nos dá forças e a ti a coragem de atravessar este calvário que agora é o teu.


(Fotografia tirada da NET)



quarta-feira, 17 de outubro de 2018

"SONHO"




("Sonho" - Acrílico sobre tela)(*)



"Teria passado a vida
atormentado e sozinho
se os sonhos me não viessem
mostrar qual é o caminho (…)"



(Excerto de um poema de Agostinho da Silva)



Como alguém disse, "o sonho comanda a vida" e "a vida não tem rascunho" pois só passamos por ela uma vez. Por isso, os erros que damos ficam marcados mas podem ser desculpados e emendados. Nem todos os rabiscos e borrões fora da linha podem ser corrigidos, mas muitos podem ser evitados se os ensaiarmos nos nossos sonhos em que tudo é possível até mesmo o de teimarmos em ser felizes, apesar de todas as circunstâncias.





AOS NOSSOS PAIS









Aos nossos pais,


Que melhores professores podemos nós ter que aqueles que um dia nos projectaram e idealizaram. Aqueles que por mais que falhemos, encontram sempre em nós qualidades que nos tornam especiais. Aqueles que sempre estiveram presentes nos bons e maus momentos, num apoio incondicional, trazendo-nos à tona quando estávamos no fundo do poço...


Penso que melhor do que as palavras são o exemplo daqueles que se esforçaram por dar o melhor de si, independentemente de poderem não ter sido perfeitos, e que são transmitidos a quem também não é perfeito. É que educar e criar, tal como a vida, "não tem rascunho", só se pode fazer uma vez e, se se errou, só há que fazer uma adenda a corrigi-lo. Está-se sempre a tempo e HOJE é o dia de o fazer.


É verdade, está aqui a importância de HOJE: "Hoje", o tempo que nos resta para termos a lembrança de nós e dos que vivem connosco o nosso tempo e a nossa memória… Até porque, bem ou mal, somos nós também quem faz o tempo presente!

Aos nossos melhores professores dessa escola que é a ESCOLA DA VIDA, OBRIGADO(A)!





segunda-feira, 15 de outubro de 2018

DIPLOMA PARA UM(A) PROFESSOR(A) MUITO ESPECIAL





São palavras que partilho e dedico a professores como os meus avós, alguns dos meus tios e primos e professores que tive a sorte de encontrar ao longo do meu percurso escolar, tanto como aluna como como professora. Professores que dedicaram a vida a uma profissão, nem sempre fácil, mas muito gratificante quando o seu esforço é compensado pelo reconhecimento e aproveitamento dos seus alunos. Professores que foram uma motivação para mim pelas mais diversas razões. 

Hoje, conheço professores igualmente dedicados, com outros tipos de dificuldades que procuram ultrapassar com profissionalismo e "garra". Apesar de eu ter deixado a Escola, sinto que dei o meu melhor enquanto pude e lá estive. Por isso, acho que estas palavras são merecidas para todos nós. Daí que as esteja a partilhar. São o reconhecimento daquilo que foram aqueles que já partiram e uma motivação para continuarem os que ainda estão no activo. Felizmente que a minha lista é muito grande. Por isso, não vou nomear ninguém em especial. Apenas me vou limitar a transcrever aquilo que um dia um aluno pensou ser um(a) professor(a) muito especial e o expressou num agradecimento que eu também faço a quem me guiou como professor(a) ou como colega.


"Obrigado por fazeres do ensino não uma profissão mas sim uma alegria.
Obrigado por nos mostrares que ensinar e aprender pode ser divertido.
Obrigado por nunca considerares os erros como fracassos __ mas sim como formas de aprender.
É duro ser inteligente como é duro ser um pouco lento.
Obrigado por nos compreenderes a todos e por nos dares o tempo e a atenção de que cada um de nós precisa.
Ensinaste-nos a acreditar em aventuras, a investigar e a descobrir, a viver maravilhados.
Os bons professores conseguem convencer os seus alunos que estudar não é uma imposição, uma interferência, uma perda de liberdade __ mas sim um estímulo; é a chave para uma liberdade maior do que eles jamais conheceram.

Recordar-me-ei

Que tinhas uma forma única de lidar com as coisas.
A tua turma nunca te esquecerá.
Nem eu.
A Escola é um teste para toda a vida e um professor ajuda-nos a ultrapassá-lo da melhor maneira possível.
E, nós, libertos por fim e ávidos de liberdade, despedimo-nos com uma leve arrogância e partimos.
Não sabendo que tu fazes parte de nós.
Os professores são recordados mais pelo que foram do que pelo que ensinaram."







domingo, 14 de outubro de 2018

NA CIDADE OU NO CAMPO - O PASSADO ESCRITO NA PEDRA





DOURO - Outono de 2018



REBELVA/CASCAIS - "MENSAGEIROS DA PAZ, INDIFERENÇA E INQUIETUDE…" Foi um "post" que escrevi sete anos atrás e que tão bem se aplica à situação que hoje vivemos quando fechamos a porta de um tempo que não volta mais. Resolvi repescá-lo  agora que, ao passar no Douro, encontrámos também casas abandonadas que tiveram os seus tempos áureos que hoje só se podem adivinhar… Não vimos pombos encarrapitados nos seus muros ou telhados, mas janelas emparedadas, portas fechadas e sinais de um abandono nostálgico sobre uma paisagem tão bela como é a das margens do Rio Douro… Aqui, na cidade, como lá no campo, fica a marca de um passado que já só poderia ser contado pelas paredes de pedra que o fecham ainda.

Faz sete anos, na Rebelva/Carcavelos, resolvi parar e fotografar as pombas que saltitavam sobre a casa em ruinas que ainda hoje lá está. Passo por lá no meu dia a dia, mas naquele dia estacionei o carro, peguei na máquina e carreguei no botão… Olhar aquelas paredes de pedra fez-me parar no tempo por uns instantes, fez-me olhar através delas. O mesmo sentimento aqui no Douro ou em Cascais e em tantos outros lugares...



"Hoje, são as suas asas cinzentas, as suas cabecitas curiosas, os seus bicos ternurentos e irrequietos que ocupam lugares que um dia foram de homens e mulheres "bons" ou "maus"; "apaixonados" ou "indiferentes"; crentes numa vida além da morte ou em que tudo o que se tem é o momento presente.



O tempo deu-lhes asas. Deixou-as voar. Agora viajam sobre o tempo. Saltitam entre as telhas, sobre as pedras que o tempo descarnou. Arrulhando em namoros descomprometidos, chamam a atenção de quem passa para o tempo de outros tempos.



Quem aqui viveu? Quem aqui nasceu? Quem aqui morreu? Que histórias de vida guardam estas pedras que teimam em resistir, estes caixilhos desgastados, estas paredes desbotadas e parcialmente desfeitas?!…




Paredes que guardam histórias. Histórias de vidas vazias, cheias de nada, sem objectivos traçados, simplesmente lançadas à passagem do tempo.

Histórias de gentes valorosas que se empenharam em grandes ou pequenas coisas, "certas" ou "erradas"... as possíveis do e no tempo que foi o seu.

Histórias que ficaram perdidas no tempo ou retidas na memória de quem ainda as conhece. Histórias de quem imagina o que poderá ter existido por trás das suas ruinas.

A "Desintegração da Persistência da Memória", de Dalí, foi um quadro que dentro de todas as limitações procurei reproduzir a pedido insistente do meu filho. "Desintegrar" na tela um muro pedra a pedra não me foi fácil. Precisei da mão da minha mestra. Levei tempo e paciência…

Mas, aqui, fi-lo com a rapidez de um "clic". Captei integralmente isso mesmo __ a "Desintegração da Persistência da Memória" __ Tudo tem um fim e, enquanto alguma coisa resta, fica a marca da sua passagem por insípida ou breve que seja.




Está aqui a importância de HOJE: "Hoje" o tempo que nos resta para termos a lembrança de nós e dos que vivem connosco o nosso tempo e a nossa memória… Até porque, bem ou mal, somos nós também quem faz o tempo presente!"


(Rebelva - Fotografias tiradas em Junho 2011)





RECORDAR É VIVER




A casa dos Avós


Subimos aqueles degraus com um corrimão já desgastado pelo tempo para uma última estadia… Estivemos com umas primas que já há que tempos não víamos e tinham em comum connosco tantas vivências de outros tempos… Abrimos os álbuns com algumas das fotografias já um pouco amarelecidas… Recordámos lugares, tempos vividos e sentimentos,  pessoas e episódios que passaram por nós e pelas nossas vidas e que para sempre farão parte de nós. Poderemos esquecer pequenas coisas da vida do dia a dia, (onde deixei os óculos?, o telemóvel?, que vinha cá fazer?), mas aquelas lembranças ficarão para sempre gravadas no fundo das nossas memórias.

Na casa dos Avós, remexemos e escolhemos as coisas que por alguma razão nos eram caras. Levámo-las connosco. O resto ficou para trás. Recordar é viver, é viver tudo o que foi bom outra vez… Voltar aos anos em que eramos jovens e estávamos na flor da vida, voltar aos tempos dos nossos avós, dos nossos pais ainda jovens, dos nossos filhos meninos.


Viajamos no tempo, no espaço, nos acontecimentos quando nos encontramos depois de algum tempo, folheamos um álbum de fotografias ou retornamos àqueles lugares da nossa infância, meninice ou juventude onde já fomos felizes, para voltarmos mais sólidos e mais empenhados no nosso presente, por bom ou mau que nos pareça. Empenho esse que nos permite aceitar com mais ânimo e alegria o nosso futuro por mais ou menos longo que ele seja.  






sábado, 13 de outubro de 2018

DIPLOMA





Quantos momentos há em que não sabemos qual o caminho certo, vacilando entre o que fazer e o não fazer, o arriscar e o recuar. Por vezes, decisões bem difíceis na vida. Mas quando, já sem nos lembrarmos dele, encontramos um Diploma como este (independentemente de poder estar enfatizado pelos sentimentos de um adolescente, nessa fase da vida em que tudo é superlativo), então, sabemos que, por muito que tenhamos errado, se calhar, fizemos a coisa certa, enquanto possível.




Foi uma porta que se fechou também para mim, cujas chaves já não servem a não a ser as da memória e de um coração que ainda bate e as partilha com uma família de professores como os Avós, Tios e Primos. Hoje, vamos de carro que nos leva à porta da escola, naqueles tempos subia-se os montes a cavalo como a Prima Aura que ia de lado sentada na sua montada até ao seu destino ainda mais acima no monte, fizesse sol, chuva ou neve, para dar aulas a alunos que seguiam a pé descalços ou calçados com tamancos… 



Desisti a meio do caminho, mas eles mantiveram até ao fim os seus propósitos numa dádiva dos seus saberes e da sua dedicação a uma profissão que pode ser dura mas tanto de belo tem para dar e que fica gravada na memória dos alunos que foram alvo do seu interesse e carinho. A eles dedico este Diploma e a todos(as) amigos(as) que ainda hoje se mantém no activo, não precisando de escalar a montanha a cavalo, ou de lidar com alunos de pés descalços, é certo, mas que, por vezes, estão descalços de tantas outras coisas como de afectos, atenção e de bens que nem sempre são materiais.


quinta-feira, 11 de outubro de 2018

DOURO - POEMA A OURO LAVRADO





Douro - Outono de 2018




"Numa era em que as palavras são só palavras e os valores estão desgastados
(Ainda) há uma voz solta do peito
Que (me) faz crer que os sonhos em poemas idealizados (…)" (*)


(…) podem ser a palavra que falta para nos fazer retornar de novo à vida por curta que ela possa vir a ser. Às vezes, uma palavra, por simples que seja, pode-nos ajudar a encarar a realidade e tirar partido do tempo que resta. Quem sabe se o pequenino excerto que retirei deste poema que adorei não tenha esse poder sobre quem hoje o leu e parte do Douro para não mais voltar. Douro esse que um dia também foi seu lar, seu destino ou sítio para relaxar.


"Oh! Douro-Poema, Homem-Menino
Se soubesses quanta vida me dás!
Em ti, nenhum sonho é pequenino
 Minha alma jamais olha p'ra trás!"




(Foto tirada  pelo V. em Setembro de 2018)



POEMA A DOIS ESCRITO, POEMA A OURO LAVRADO
(diálogos da Terra e do Rio)


"Te contemplo com o olhar de Menina-Mulher
Adivinho o coração aroma-de-mel
E a água cristalina do teu ventre, genuíno Ser
Douro és mais que poema, és anel!

Reflito-te, em adoração de Homem-Menino,
E do fundo dos meus olhos cor-de-ouro
Sorrio-te, como infante pequenino,
Que no teu colo vem guardar o seu tesouro.

Suavemente, enfeito-te a meu gosto
Dos lábios sumarentos provo o beijo
Cachos de uva são o saboroso mosto
Enternecendo o calor do nosso ensejo!

Ternamente te enlaço, Terra amada,
Como jóia que mereces por direito
E no estio, nossa boda é festejada
Pelas vinhas que tu bordaste a preceito…

Oh! Douro-Poema, Homem.Menino
Que estranha vontade esta de te tocar!
Porque serás sempre o melhor destino?
E o único a quem tenho amor p'ra dar?

Oh, Poema-Douro, Menina-Mulher,
Que prazer eu tenho em te adornar!
Para te ver, quando o Inverno vier,
Despir , e no meu leito aconchegar!

Oh! Douro-Poema, Homem-Menino
Se soubesses quanta vida me dás!
Em ti, nenhum sonho é pequenino
Minha alma jamais olha p'ra trás!

Oh, Douro-Poema, Mulher-Menina,
Quanta da minha história se faz tua!
Ao mundo, a Natureza aqui ensina
Que a beleza o trabalho apazigua!!" (**)


( (*) Poema de Teresa Teixeira  (**) em  parceria  com Jéssica Neves )