quinta-feira, 31 de dezembro de 2020

RETRATO - BALANÇO DE 2020...





Último trabalho de 2020



2020, ano de relativo isolamento, de dúvidas e de preocupações com este novo inimigo da Humanidade _ o COVID-19...  Teve muito de negativo, mas nem tudo o foi. No que respeita ao Desenho, para mim, foi um ano muito produtivo. Sempre à distância, mas com  disponibilidade total, fui sendo orientada nesta aventura. E, desde 13 de Abril, em que o exercício se baseava em educar a mão com círculos e espirais, a evolução nesta arte de rabiscar o papel foi crescendo. Hoje, já a mão hesita menos, o traçado é mais solto, a fidelidade à cópia é mais precisa, a rapidez de execução maior... Foram horas esquecidas de puro prazer e de conquistas graduais. Primeiro, objectos, depois os rostos, seguindo os "canons" ou fazendo "batota"... e, neste momento, estou preparada para seguir para novos rumos. Para além dos carvões, passar a experiências de cor e tudo mais que quem me guia neste caminho tiver para me ensinar.... 
 


(Abril 2020)






Em Julho, esta era a fidelidade possível, mesmo recorrendo à "batota", 
ou seja, à marcação prévia dos pontos principais do rosto...




O meu pai aos 19 anos... 
(Dezº 2020)



Feliz ano de 2021, com a realização dos nossos sonhos...



 

quinta-feira, 24 de dezembro de 2020

RETRATO - EXPRESSÕES DE CRIANÇAS



 


Que privilégio conseguir captar a expressão  doce, risonha ou séria do rosto de uma criança!...  Pela primeira vez, alguém me "encomendou" um trabalho. O que para mim foi um orgulho e o que me deu um gosto imenso. Se fazer o retrato de um adulto ou de um jovem é uma fonte de prazer, captar a alegria, a espontaneidade e doçura numa criança, então não tem igual... 







sábado, 19 de dezembro de 2020

RETRATO - PEQUENOS TOQUES FAZEM A DIFERENÇA...

 




Mais um retrato que se vai recriando até se encontrar um equilíbrio de formas, luzes e sombras...



Primeiras etapas. As marcações estão ainda a medo...


Ao acrescentar cor aos brincos, o trabalho ficou mais "disperso"...


Bastou alargar mais um pouco a mancha do cabelo e voltar a tirar a cor vermelha dos brincos para se encontrar  um novo equilíbrio...



É engraçado ver como um traço mais intenso, uma mancha mais clara ou mais escura são o suficiente para fazer a diferença.





quarta-feira, 16 de dezembro de 2020

RETRATO - SENHORES DO TEMPO

 



O carvão tem destas coisas... basta um toque para se alterar o que estava por baixo e não se poder voltar atrás... Facilmente se esborrata o que já estava aplicado. Mas há um truque que aprendi com este trabalho, ir pondo o fixativo entre camadas. Deixa de se poder fazer a fusão com o carvão já aplicado, é certo. Mas, quando isso não é necessário, conseguem-se tons mais fixos e definidos...

Foi um trabalho que deu luta. Modifico, ou não modifico? Mas o que se perdeu em riqueza de traço e de mancha, ganhou-se em fidelidade à fotografia e leveza do retrato.

O Desenho (e a Pintura) deve ser das poucas situações em que, com um toque aqui e outro ali, se consegue rejuvenescer a pessoa retratada ou torná-la mais velha.Tornamo-nos senhores do tempo, fazendo o tempo girar, ora para a frente ora para trás... Para isso, basta um traço, uma mancha, uma sombra, um toque...




sexta-feira, 11 de dezembro de 2020

EVOLUÇÃO DE UM RETRATO A CARVÃO

 


Etapa final




Esboço



Esfumados



Detalhes



Finalizando o trabalho...

Achei graça a não definir muito os cabelos para realçar o sorriso e emoldurá-lo





quinta-feira, 10 de dezembro de 2020

RETRATOS... EXPERIÊNCIAS



Trabalho final...

Quando tentamos dar um cunho mais pessoal a um trabalho, mesmo que possamos partir de algo que já tenha uma resolução prévia, corremos o risco de não sermos bem sucedidos, de massacrar o trabalho, ou de o estragar definitivamente.



Numa primeira fase e neste retrato, fui fiel à imagem obtida por tratamento da fotografia com recurso a filtros específicos. Consegui um trabalho simples, equilibrado e do qual havia quem gostasse, incluindo eu... Só que também houve quem não gostasse e aí hesitei. Como será que reagirá quem a ele se destina? Gerou-se a insegurança... vacilei.


Depois, comecei a trabalhá-lo no sentido de o tornar mais pessoal... Estraguei tudo!... Ficou bastante confuso e, a bem da verdade, até mesmo borratado e pouco definido.



Não desistindo dele, voltei a torná-lo mais "legível". Apaguei o pastel seco que estava a mais, com uma borracha, e uniformizei o fundo com negros e cinza.



Finalmente, utilizei o vermelho num registo diferente...  gostei do resultado final, apesar de o trabalho ter perdido a espontaneidade inicial e de ninguém, cá por casa, ter morrido de amores por ele... Agora é que já não há borracha que lhe valha....



Assim ficou a lição de que, às vezes, tanto se quer aperfeiçoar (ou "inovar") que se estraga o que estava feito. Basta um traço, uma mancha errada, para que já não haja remédio. Mas valeu pela experiência, pela tentativa de encontrar uma solução e pela certeza de que não se pode agradar a todos. O principal mesmo, é identificarmo-nos com aquilo que fazemos, não esquecendo, no entanto, a quem se destina.

Muitas das vezes, as coisas não correm bem. Mas fica a experiência e, como alguém disse, deve-se tentar sempre ir em frente, independentemente dos resultados, quando por, alguma razão, não se está satisfeito. 




Não contente com a primeira experiência parti para outra...




Por estranho que pareça, gostei.


 

Mas acabei por fazer um retrato mais clássico e fiel à fotografia...




 

sexta-feira, 4 de dezembro de 2020

ALENTEJO (SERPA) - NOSSA TERRA TRANSPORTADA

 





ALENTEJO


A lua que te ilumina,

Terra da cor dos olhos de quem olha!

A paz que se adivinha

Na tua solidão

Que nenhuma mesquinha

Condição

Pode compreender e povoar!

O mistério da tua imensidão

Onde o tempo caminha

Sem chegar!...


(Miguel Torga)


O MEU ALENTEJO


Meio-dia: O sol a prumo cai ardente,

Doirando tudo. Ondeiam nos trigais

D' oiro fulvo, de leve... docemente...

As papoilas sangrentas, sensuais...


Andam asas no ar; e raparigas,

Flores desabrochadas em canteiros,

Mostram por entre o oiro das espigas

Os perfis delicados e trigueiros...


Tudo é tranquilo, e casto, e sonhador...

Olhando esta paisagem que é uma tela

De Deus, eu penso então: Onde há pintor,

Onde há artista de saber profundo,

Que possa imaginar coisa mais bela,

Mais delicada e linda neste mundo?!


(Florbela Espanca)


A dois alentejanos de gema que Serpa, no Alentejo, um dia viu partir rumo à Capital em busca de novos horizontes, mas que levaram consigo, bem apertadinha no coração e na bagagem, a terra que os viu nascer.



Desenhos a carvão e pan-pastel num registo entre o clássico e o mais moderno