terça-feira, 28 de abril de 2020

DESTINO E RESPONSABILIDADE..








Nenhuma mão é a mais nesta luta que enfrentamos.... A cada um a sua responsabilidade. Depois do leite entornado pouco há a fazer. Agora só resta recomeçar. Perante tanta adversidade que o Presente nos traz, que fazer? Utilizar as nossas mãos, os nossos pés, o nosso corpo da melhor forma que sabemos, para que, no meio de tanta desgraça que grassa à nossa volta, possamos partilhar aquilo que melhor sabemos fazer. Estar na linha da frente garantindo que os estragos causados sejam minimizados. Se mais não formos capazes de fazer, podemos tocar, cantar, dançar, pintar, desenhar ou escrever para tornar este fardo mais leve. Usar as mãos e até só os seus dedos que normalmente são dez. E se para além disso mais não podermos dar, temos a possibilidade de rezar uma prece tal como a soubermos, como Fernando Pessoa que se considerava ateu.

Que adianta lamentarmo-nos pelo que já passou ou sofrer por antecipação, mesmo que seja pelos outros?!... Antes pelo contrário, seremos mais a entrar em depressão o que também não ajuda, sobretudo, se tivermos o nosso sustento e um tecto que nos abrigue, pelo menos por enquanto.

Assim, só nos resta pôr as mãos ao alto numa prece sentida de graças pelo que temos, e dar  o melhor de nós naquilo que soubermos fazer ou aprender a fazer. Resta-nos chegar a quem estiver à nossa porta, ou precise do nosso apoio ou do nosso coração. E se não nos podemos sentir culpados por aquilo que se está a passar, também não podemos deixar de ter esperança em melhores dias quando eles chegarem. Cada um tem o seu destino e a sua responsabilidade. Aceitemos o que o destino nos reservar, vivendo cada dia como se fosse o último, como diz a canção. Sorvendo ao máximo o que de bom ele tiver para nos dar no dia de HOJE.

Vivamos o dia de HOJE, sem lamentos para quem tem saúde, mas no propósito de que ele possa servir para aguentar os embates das ondas da vida que a tornam mais sofrida, mas que resistindo a elas, nos torna mais fortes. Qual rocha mais rija e bela que um dia se tornará cascalho ou mesmo uma das areias mais finas, ou até mesmo cinza se incinerada, capaz de recomeçar o seu ciclo a serviço da Natureza para formação de novas rochas, ou como cimento no recomeço da reconstrução das nossas casas, das nossas cidades, do nosso Mundo, numa nova forma de coexistência. 




domingo, 26 de abril de 2020

O 25 DE ABRIL NO MUNDO FLORIDO DA DONA ELISA...




 


25 de Abril... Passava das três horas da tarde em que, quase todo o Portugal, festejava esta data, que tanto promete, das janelas das suas casas cantando o "Grândola, Vila Morena". A Dona Elisa, vizinha da frente mantem-se em casa, como grande parte de nós nesta altura dos acontecimentos. É uma octagenária que muito lutou ao longo da vida que muitas voltas lhe deu. Hoje, a sua casa e o seu jardim são o seu mundo, o seu refúgio, escondido dos olhares de quem passa à porta, e que lhe ocupa grande parte do tempo. Aliás, como sempre aconteceu. Não tem mãos a medir. Faz tudo, o que lhe está ao alcance, dentro de casa... e do seu pequeno mundo que está confinado ao seu quintal.

Ainda assim, reservou um tempinho para nós duas. Com as nossas máscaras e as devidas precauções de "afastamento social" encontrámo-nos neste mundo só possível existir pelas mãos de quem tem um amor incondicional às suas plantas. O tempo voou neste dia de sol radiante. Fizemos um percurso por flores de todas as formas e feitios. Um pequeno jardim que mais parece um jardim botânico em que as várias espécies são tratadas por tu pela dona Elisa que conhece todas as suas origens e as histórias que têm para contar. Umas foram oferta de quem conhecia a paixão desta senhora por plantas, outras foram compradas e, ainda outras, foram herdadas, da mãe, da sogra e da avó... O "dedo verde" é isso __ em tudo que toca e trata com carinho, floresce uma flor, cresce uma couve, ou frutificam a figueira, a goiabeira, o limoeiro, o maracujá e plantas exóticas que já não o são tanto porque foram importadas para a Europa, tal como os chorões que vieram da Austrália. 










Hoje, já não me lembro do nome de muitas das plantas que ia vendo, outras também eu as conhecia possivelmente com outras cores e outros tamanhos, mas ficou-me prometido que, da próxima vez, já teria um pequenino letreiro em cada uma das plantas.

Pois é... sentada eu numa cadeira tipicamente alentejana, terminámos o nosso périplo por aquele quintal bem português. Em que, não podiam faltar os cravos das mais variadas cores e os brincos de princesa, para além das sardinheiras, essas plantas também tão típicas do nosso Portugal, que nesta altura celebra mais um 25 de Abril só que em casa. Eu vivi-o com a Dona Elisa, ouvindo-a contar a sua história de vida e de conhecimento adquirido nessa grande escola que é a própria vida...

Concluindo: Passei o meu 25 de Abril no meio de cravos, rosas e citrinos do quintal da Dona Elisa...






Ficou a promessa de voltar... Promessa de voltar quando tudo passar. Para já, o contacto visual das nossas janelas, terá que ser suficiente. Promessa tal como é a de o festejo do 25 de Abril se fazer todos os anos, fora de casa, nas ruas, ou dentro de casa confinados a um mundo que pode ser mais vasto que o das grandes multidões ...






sábado, 25 de abril de 2020

25 de ABRIL... A MINHA HOMENAGEM COM MALMEQUERES...





Malmequeres do campo e início da Primavera



Não são cravos nem rosas... são malmequeres. Flores do campo e da Primavera que proliferam sem que ninguém precise de cuidar deles nesta altura do ano. São acessíveis a todos e não pertencem a ninguém...  Independentes, brancas como as asas das pombas, símbolo da paz; amarelas como o Sol que também ele é de todos, memo em dias de tempestade... representam bem o verdadeiro espírito de Abril. Sim, não são cravos nem rosas, são simples flores do campo.

Aqui presto a minha homenagem a todos os homens e mulheres que partiram e deixaram marcas no nosso corpo e na nossa alma. No corpo, porque o nosso coração bate por eles.  Na alma ficaram, sobretudo, os que nos deixaram um legado mais rico por aquilo que foram, pela sua coragem e abnegação e a obrigação de passar o seu testemunho às gerações mais novas; assim como os valores morais que foram norteando tantas das gentes das gerações que se sucederam ao longo da História da Humanidade.

Neste momento, atravessamos um momento de transformação da sociedade tal como a entendiamos até aqui. Apesar de todas as dificuldades e perdas, mantem-se a esperança de que, todos os sonhos, (que têm norteado tanta gente boa ao longo dos tempos), tenham agora uma oportunidade de procurar concretizar-se. 





VIVA PORTUGAL! UM OCEANO DE ESPERANÇA! ...







Finalmente, o Homem compreendeu que de gota a gota se faz um oceano. Finalmente, o Homem compreendeu qual a importância da vida para além das grades. Só damos o verdadeiro valor às coisas quando nos vimos privados delas. Foi preciso um vírus e uma "prisão" domiciliária, para compreendermos o quanto dependemos uns dos outros; quanto é importante cada tarefa que se desempenha dentro e fora de portas; que o Homem não deve ser escravo do tempo, do trabalho, de si próprio; que temos a capacidade de nos adaptarmos a qualquer situação por mais dura que seja desde que cada um desempenhe as suas funções com RESPONSABILIDADE,  com DIGNIDADE e com entrega áquilo que faz seja qual for a sua função na sociedade. Se esta sociedade fosse mais justa não haveria necessidade de haver cadeias, nem por razões políticas, nem por delitos comuns, porque tanto uns como os outros deixariam de existir; se esta sociedade fosse mais justa o pão chegaria a todos independentemente do sítio onde nascêssemos; se esta sociedade fosse mais justa, daríamos o valor devido a cada gota deste oceano verde ESPERANÇA, vermelho SANGUE e amarelo cor do Sol que é de todos nós qualquer que seja o nosso credo, ideologia e posição social; se o Mundo fosse mais justo todos nós seríamos Portugal, Europa, Continentes; Mares e Oceanos livres de preconceitos, unidos num só objectivo __ o da LIBERDADE, IGUALDADE e FRATERNIDADE. Essa Liberdade, que tem sido apregoada ao longo dos tempos e que, só agora dia 25, (que poderia ser de Abril, Maio ou Dezembro), seria o nosso PRESENTE. Tal como no dia de Natal, em que o Mundo deveria parar  para festejar o nascimento de valores que são os mesmos, tal como os nossos Metres nos ensinaram. A base de todas as verdadeiras doutrinas é a mesma, o Homem/Mulher é que a têm desvirtuado. Agora, que a Ciência quase tudo procura explicar, não consegue explicar o mistério da Fé, da verdadeira Fé. Mistério que só se explica para quem acredita, qualquer que seja a sua crença, em que todos nós temos uma missão a desempenhar, desde o berço até ao final da vida, e em que todos os estádios da Vida têm que ser respeitados, se quisermos sobreviver...


VIVA PORTUGAL!...
VIVA, HOJE!


Viva o verdadeiro dia de Liberdade, hoje que estamos confinados ao nosso "Reino" que deveria ser justo  e para todos, mesmo os sem-abrigo, os refugiados e os excluídos da sociedade... 



Que o Sol brilhe para todos nós! 




quinta-feira, 23 de abril de 2020

O LIVRO E O ENIGMA AFRICANO...




(Enigma africano - uma leitura possível)


Como diz o Padre António Vieira: "O livro é um mudo que fala, um surdo que responde, um cego que guia, um morto que vive."

O livro, esse amigo cúmplice que abre os nossos horizontes ao mundo das palavras e das imagens. O livro que podemos preservar nas nossas prateleiras e nas nossas memórias e manusear com as nossas mãos; ver com os nossos olhos; cheirar, o seu cheiro a bafio ou a folhas saídas das impressoras, com o nosso nariz... Enfim, desafiar os nossos sentidos de quem gosta de o sentir fisicamente. O livro que nos permite ter as mais diversas perspectivas sobre os mais diversos assuntos mas que, acima de tudo, nos preenche um vazio que vive de ilusões, de poesia, de realidades e dos conhecimentos de outras gentes, outros povos, outros tempos, outras vivências versando um sem número de assuntos que nos enriquecem interiormente.  

Ler um livro é entrar na vida de outros que refletem na nossa própria vida. A leitura de um livro pode ser uma viagem no tempo, das ilusões, da realidade boa ou má, conforme a nossa interpretação e estado de espírito. 

De facto, os livros no seu discurso, são aplaudidos por muitos e, mesmo por milhões, ao longo das gerações; enquanto que também podem ser repudiados, perseguidos e queimados por outros tantos. Grande parte, têm poucos ouvintes e ficam confinados aos espaços de alguma casa, gráfica ou alfarrabista... Livros!... Esses oradores silenciosos que se deixam fazer ouvir ou ficam calados, até que alguém os consiga compreender, já que a sua oratória é tão complexa, aparentemente vazia, ou ainda tão à frente no seu tempo... só que há os que podem ser redescobertos por alguém que os ouça e os possa compreender saídos de uma qualquer prateleira ou baú.

Os livros são cegos que nos ajudam a ver para além do horizonte. Esses cegos de nascença abrem-nos os olhos para mundos belos e misteriosos, para os horrores provocados pelo Homem tanto em tempo de guerra como de paz, deixando-nos ver até aquilo que não deveríamos, ou que nos é proibido... Abrem-nos também os nossos horizontes para além dos nossos muros, do nosso pequeno espaço ou do nosso umbigo, para além de nos deixar ver para dentro de nós.

Os livros também são surdos, mas ouvem as preces de quem tem a sua Fé; ouvem as vozes de quem mesmo em silêncio, neles encontra o seu caminho, a paz ou a guerra, o conforto... e são os aliados, de quem neles deposita toda a sua confiança, ou de quem para os compreender melhor os tem que ler em voz alta.


Sem dúvida, de que os livros são mortos que ficam nas prateleiras podendo ter uma morte prematura logo à nascença, permanecendo cegos, surdos e mudos para sempre. Mas, há os livros  que ressuscitam, nas mãos de quem os redescobriu e os traz à luz da vida para que nos deixem as suas marcas, sejam elas boas ou más, e os possamos seguir ou, simplesmente, pôr à prova o nosso sentido crítico, quanto aos valores que eles nos trazem e, de novo, são postos de pé.




quarta-feira, 22 de abril de 2020

O NEGATIVO E O POSITIVO - DIA MUNDIAL DA TERRA






(Desenho inspirado numa das pombas da Paz de Picasso - 18 /4/20)



Hoje, Dia Mundial da Terra, vemo-nos a braços com com um problema sem precedentes para a Humanidade e para o Planeta. Problema que tem sido cíclico mas que, hoje, está mais à nossa mão tentar resolver, apesar de todas as baixas sofridas. Problema que nos trouxe coisas novas e o vislumbre de uma nova Era, como tem sido com outras pandemias que nunca foram tão alastradas, porque o Mundo, mais do que nunca, se fez pequeno. Há muito que se previa o que hoje está a acontecer. Quem sabe, hoje, a GUERRA que foi interrompida por um problema que abrange todos, ricos ou pobres, velhos ou jovens, não possa ser um pronúncio de PAZ... Tudo tem o lado positivo e o lado negativo. E para se compreender um e outro temos que os procurar conhecer e, então, decidirmos de que lado ficamos, ou se de ambos os lados, já que um e outro se complementam. Tudo depende do ponto de vista... Uma coisa é certa, a união faz a força quando remamos para o lado positivo... e é esse o lado que hoje temos a possibilidade de procurar, independentemente de todas as nossas divergências.





segunda-feira, 20 de abril de 2020

PORTUGAL - UM NOVO OLHAR!








O que é mais importante, as palavras ou os actos?... É como o velho dilema da galinha e do ovo. Quem nasceu primeiro?...Também hoje nos confrontamos com um dilema. No 25/4 e no 1º de Maio, que fazer?

Muitas vezes os actos dependem das palavras, mas as palavras também dependem dos actos. Decidir cabe a todos nós. Nós à beira mar plantados podemos ser, uma vez mais, o exemplo do que é ser português, pelo exemplo de união, civismo e espírito de sacrifício, quando isso nos é exigido pela força das circunstâncias. Tal como o foram os nossos antepassados que conquistaram os mares indo aqui e além mar. Permitindo a expansão de um Mundo que agora se tornou pequeno para todos nós...

A união faz a força! Agora é-nos pedido que viajemos não para fora mas para dentro dos nossos lares, dentro das nossas memórias e dos nossos sentires...

A História repete-se... Tal como podemos aprender com o Passado, o Futuro pode ser resultado daquilo que fizermos no nosso Presente. Deixemos o nosso bom senso imperar neste país que foi grande em tamanho e, hoje, é grande em alma, espírito de sacrifício e de missão quando isso lhe é pedido...


(Foto retirada da NET)








sábado, 18 de abril de 2020

AMIGO - por Alexandre O'Neill







"Amar é cuidar do outro mesmo quando estamos zangados" __ Se amamos a Natureza, o nosso país, o nosso irmão, só temos que tratar deles mesmo quando estamos zangados. Quanto mal não temos feito à Natureza, às nossas gentes, ao Homem e aos nossos irmãos. Só nos resta dar as mãos uns aos outros quais quer que sejam as nossas diferenças, desavenças e crenças, se nos quisermos salvar. Foram homens e mulheres como Cristo, Buda, Maomé, Mandela, Gandhi, Madre Teresa de Calcutá e tantos outros milhões de seres humanos que nos foram ensinando isso ao longo da História da Humanidade, em que o perdão, a humanidade e a humildade estiveram acima de tudo no cuidado do outro. É disso que precisamos HOJE, mais do que nunca, de AMIGOS que se reencontrem, que se perdoem e se unam em torno do mesmo propósito __ salvar o Planeta e a Humanidade, para que deixemos de estar sós dentro do nosso egoísmo e falta de compreensão pelos outros.

Demo-nos as mãos e acreditemos nesse Amigo que há em nós quaisquer que sejam os nossos ideais, crenças ou descrenças nesses seres maiores que são o Mundo com a sua Natureza e a Humanidade. Comecemos HOJE, a cada dia que passa...

Tal como sugere, Alexandre O'Neill, neste seu poema "AMIGO", para que a solidão seja erradicada e saibamos que "AMIGO" é o contrário de inimigo. Amigo é uma grande tarefa, um trabalho sem fim, Amigo vai ser e já é uma grande festa!"

Temos duas mãos, uma cabeça e um coração ponhamo-los ao serviço de todos nós a cada dia que passa.




"AMIGO"


"Mal nos conhecemos
Inauguramos a palavra amigo!

Amigo é um sorriso
De boca em boca,
Um olhar bem limpo.

Uma casa, mesmo modesta, que se oferece.
Um coração pronto a pulsar
Na nossa mão! 

Amigo é o erro corrigido,
Não o erro perseguido, explorado.
É a verdade partilhada, praticada.

Amigo é a solidão derrotada!

Amigo é uma grande tarefa,
Um trabalho sem fim,
Um espaço útil, um tempo fértil,
Amigo vai ser, é já uma grande festa!


(Alexandre O'Neill - Imagem retirada da NET)





(Trabalhos inspirados em Picasso)





PORQUE ESCREVO?






Hoje amanheceu assim...

Escrevo o que vejo, o que ouço e o que sinto...para que os momentos de hoje fiquem para memória futura.

Porque escrevo?!... porque persigo o sonho e procuro não o deixar morrer sozinho, como diz Fernando Pessoa no seu poema maravilhoso: "Navegar". Quanta verdade nas suas palavras... Esse escritor que devagarinho e sem o saber fui descobrindo. Descobrindo à medida que sentia que ele parecia ler os meus pensamentos. À medida que o lia e me cativava com as palavras dos seus poemas, sem mesmo saber que eram dele.

Fruto do acaso, do destino ou do que quer que seja, como diz Maria Betânia ao declamar Fernando Pessoa em a "Prece" __ ninguém tem a certeza dos seus próprios sentimentos e propósitos, assim, diz algo como isto : afasta de mim esse cálice, faze-me que eu me sinta TEU, mas guia o meu caminho das incertezas e das hesitações dentro do charco de lama que há em mim...

E aqui vos deixo na companhia de Fernando Pessoa, mas também na de Vinícius de Moraes no seu "Sonho do Amigo".

Na escrita, cada um lança para o papel aquilo que lhe vai na alma, para seu próprio prazer, e para o poder partilhar com os outros aquilo que sentiu no momento. E, tal como diz o poeta, não desistamos, sigamos em frente, não nos preocupando com a crítica alheia, quaisquer que sejam as condições. Cada um de nós e a cada momento diferente faz a sua leitura, o mesmo se passa com o Desenho e a Pintura que nunca estão acabados. 


 





sexta-feira, 17 de abril de 2020

ATÉ LOGO, TALVEZ... ÀS 10!... em tempos de pandemia






Por trás das nuvens há sempre Sol...


10 horas __"Olá!..." e __"Boa noite!..."

Uma das vantagens da NET é a de que entra nas nossas casas quando queremos. Quando queremos nós que escrevemos; quando queremos nós que lemos... 

Tempos estranhos estes em que estamos em quarentena. Precisamos de alguns rituais para os ultrapassar. Marcámos às 10. Porquê às 10 horas?!... Porque, como disse a raposa ao principezinho de Saint Exupéry, é uma forma de antecipar a hora de se encontrar os amigos... É o que quero fazer. Manter um ritual para me encontrar convosco.

Às 10 da manhã estou pronta para me juntar, a quem queira e quem possa, para continuarmos ou iniciarmos o dia numa caminhada em que a companhia sois vós, meus amigos mais chegados de longa data ou mais recentes desta fase que atravessamos em que estamos isolados nas nossas casas.

Às 10 horas da manhã de todos os dias da semana __ tornamos uma meia hora de exercício diferente das outras e permite-nos "sair" para estar com os amigos, pelo menos em pensamento.


Ás 10 horas da noite de todos os dias da semana __ juntamo-nos para rezar todos a oração que bem entendermos no silêncio da nossa casa ou a ouvir os sinos da igreja mais próxima, da nossa varanda ou da nossa janela. Acendendo a luz da esperança numa lâmpada da varanda, da sala ou de qualquer lugar da nossa casa, que normalmente esteja apagada... Mais uma vez, podemos estar juntos, agora, para agradecer mais este dia que nos foi dado, para pedirmos por aqueles que sofrem quer porque estão doentes, quer porque cuidam de quem está doente e por todos nós ... sabendo que no alto do campanário de uma igreja se batem as dez badaladas, mesmo que tenhamos a porta fechada ou não tenhamos nenhum templo por perto.






quinta-feira, 16 de abril de 2020

O PRESENTE FEITO FUTURO...





O passado , o PRESENTE e o futuro...

O Passado morreu, o Presente está doente, e o Futuro desponta numa promessa de mudança que a todos nós diz respeito. É a Humanidade que neste momento tem nas suas mãos fazer com que esse Futuro possa ser risonho para todos ou somente uma catástrofe. Ao Homem é deixado, ao seu livre arbitro, fazer a escolha mais acertada.  


Sonho o sonho de muita gente de que tudo há-de passar, e para melhor, depois de tudo o que estamos a viver e do que passaremos com a crise económica de que daqui vai resultar. Há muitos exemplos que vão sendo dados para motivar e alertar-nos para os mais diversos aspectos, como o que foi descrito pela filha de um banqueiro do Santander em Portugal. É uma lição este recado que aqui cito: "Somos uma família milionária, mas o meu pai morreu sozinho e sufocado, buscando algo que é grátis. O...AR. O dinheiro ficou em casa..."








Centro Champalimaud - Lisboa - Portugal 
(15/4/2020)


Ontem fui fazer exames na Fundação Champalimaud. Chamaram-me para os exames marcados, apesar da COVID-19. A sensação foi estranha. Sentimos estar a viver num tempo suspenso no próprio Tempo. Sentimo-nos estar a viver em dois tempos __ o Presente e o Futuro. O presente pelos cuidados e controlo das condições inerentes à possibilidade de se estar contaminado. O Futuro graças a um homem chamado Champalimaud que, doou grande parte da sua fortuna, ao delegar a responsabilidade do seu sonho a quem o concretizou naquilo que hoje é um dos centros de investigação dos mais avançados da Europa e que hoje se concentra na luta contra o cancro. Uma doença cujo tratamento num futuro breve poderá ser bem mais bem sucedido assim como no seu controlo.




(Fotos retiradas da NET)


Tal como o cancro, a COVID-19 é uma doença "democrática" no sentido de que atinge qualquer um, só que a sua cura não está, por enquanto, ao alcance de ninguém em especial. Enquanto que o cancro é mais perigoso nas pessoas mais jovens graças precisamente à sua juventude. O Corona vírus afecta, sobretudo, a população mais idosa. 

O cancro, graças à pesquisas feitas é quase uma doença do passado, embora, por enquanto, afete cada vez mais seres humanos nas suas diferentes formas. Hoje, já se vai tendo armas para enfrentar essa doença que vem de dentro de nós... e que resulta das alterações das nossas próprias células, e de diversos factores de risco.

A COVID-19, é uma doença provocada por um vírus que já existia na Natureza no passado. Mas desencadeou uma espécie de Terceira Guerra Mundial ao afectar a espécie humana. 

O cancro é uma doença silenciosa e não se contagia. A COVID-19 tem causado o caos à sociedade humana, tal como ela existia no nosso passado ainda tão recente. No Presente, este vírus aflige todo o Mundo e está no topo das atenções e preocupações do Homem. Mas, se a memória não for muito curta, poderá ser a ponte para um novo Futuro mais justo e mais igual.


Temos consciência de que estamos num mundo em mudança acelerado pela presença de um inimigo invisível que ainda não conhecemos bem, mas contra o qual vamos estando um pouquinho mais apetrechados, apesar da luta desigual. Para o vencer, embora conscientes da realidade e de todo o sofrimento causado, não podemos deixar de sonhar com a reconstrução e realização de um mundo melhor para todos.




quarta-feira, 15 de abril de 2020

RECOMEÇO, NA VOZ DOS SINOS...





NOTRE-DAME DE PARIS...

(Vídeo recebido por WhatsApp)


Para que a Primavera venha com toda a sua pujança, vamos fazer com que cada casa seja como uma igreja, uma sinagoga, um pagode, um qualquer lugar de culto, mesmo na casa dos ateus, onde possamos desejar que o Inverno (Inferno) em que estamos mergulhados se transforme no paraíso dos nossos lares e em que, em qualquer país ou lugar do Mundo, saibamos construir um mundo à nossa medida ainda que, por agora, tenhamos que nos confinar ao nosso pequeno mundo. Fazendo com que, o Mundo grande de que não desistimos, seja a casa de todos nós, mesmo dos sem-abrigo.

Com ou sem palavras, aqui fica o nosso pedido: fiquemos em casa conectados ao Mundo exterior, desempenhando cada um o seu papel, até que, quem trata de nós, nos diga:            
__"Chega de quarentena... mas joguemos pelo seguro..."

Tudo há-de melhorar um dia, aliás já começou em muitos aspectos....






Últimos acordes do órgão de Notre Dame de Paris... Faz hoje um ano que, o incêndio deflagrou,  e  o destruiu juntamente com parte da catedral de Notre Dame de Paris. Na altura, todos se uniram em torno desse desastre provocado acidentalmente. Está na hora de nos unirmos, para sempre, em torno desta chamada de atenção da Natureza, ainda que a custo de tantas vítimas. Vamos salvar o que pudermos!... Unindo-nos em torno de um projecto comum __ que é  o da salvação da Natureza, para que com ela possamos salvar o Homem e criar uma nova forma de viver.




RECOMEÇO



(Texto inspirado em muito do que tenho visto e ouvido e da nossa experiência do dia-a-dia)





terça-feira, 14 de abril de 2020

ES-PE-RAN-ÇA








Hoje o dia amanheceu assim....




CONVITE: Às 10 horas da noite APLAUDIMOS, OUVIMOS OS SINOS DA IGREJA MAIS PRÓXIMA ou simplesmente REZAMOS no silêncio das nossas casas.

Às 10 horas da noite, depois do jantar para quem o puder ter e fazer, houve um encontro marcado para se aplaudirem todos aqueles que estão na linha da frente no combate contra o Corona Vírus e a todos os resistentes que estão na rectaguarda, seja qual for o eu papel.

Há também a iniciativa de artistas de renome que se juntam a partir das suas casas para dar concertos  em nome da mesma batalha que é esta causa; mas pode haver gente anónima que  adira a estas formas sem aplausos, sem fins específicos e que se pode unir a uma hora determinada para criar uma corrente que una, neste momento, quem se preocupa em dar o seu melhor para que o dia de HOJE seja o melhor possível e , assim, nos possamos preparar para um Futuro que a breve prazo poderá ser difícil, mas se nos mantivermos firmes, (não só em dias marcados mas todos os dias de HOJE, o único que realmente temos), conseguiremos vencer muitas batalhas para que esta guerra seja ganha. O Futuro deixamos ao destino, a um criador, a um deus, seja qual for a nossa crença religiosa, a nossa crença em que algo nos possa guiar, mesmo que sejamos ateus...

Estes tempos são tempos de mudança, de esperança e crença na Ciência, na Medicina, nas novas tecnologias... Apesar do que se está a passar, partimos para um mundo novo que talvez nos permita diminuir as desigualdades que desde sempre existiram mas que cabe à gerações actuais, jovens e menos jovens, procurar mudar, usando a cabeça, o coração, as mãos e, no meio de tudo isto, o bom senso,  como alguém disse. E, como muita gente diz, o amor por si e pelos que lhes estão mais próximos, pelo menos...







     

domingo, 12 de abril de 2020

A IMPORTÂNCIA DOS NÚMEROS...







Estudantinos de 24 países juntaram-se para cantarem, tocarem e formar "a maior estudantina do Mundo"  - serenata de esperança a Portugal (e ao Mundo...)



O número de mortes e pessoas afectadas  são assutadores, mas muitos casos de recuperação vão surgindo e dando sinais de esperança. 1 e 1, são dois, mas podem ser 4, 8, uma infinidade de gente que se vai juntando a este movimento que faz mexer jovens e menos jovens. Gentes que acreditam num Futuro melhor quando toda esta turbulência passar... 

Tal como o fado português, com a nossa Amália e tantos outros fadistas que se lhe seguiram, Portugal foi levado por esse Mundo fora ainda mesmo até onde a língua portuguesa não é bem compreendida. A todos os recantos em que se encontra um português...

Depois de nos habituarmos a ouvir o número de infectados ou mortes pelos diferentes países, ontem, as notícias eram uma sucessão de iniciativas que mostram que as pessoas não se rendem e vão deitando mão daquilo que têm ou que ainda resta para ajudar a ultrapassar as dificuldades por que todos passam neste momento.

Procurei na NET, "uma visão positiva sobre a COVID-19". As referências principais diziam respeito a números. Quantos morreram?! menos do que o habitual; como é que a curva representativa da evolução da doença se faz ou não num planalto e se se atingiu o pico e a curva está a descer... Mas, também pude ver e ouvir com agrado na televisão e nas redes sociais, que as pessoas após o impacto dos primeiros tempos se estão a adaptar às novas realidades e a tomar iniciativas para procurar tornear as dificuldades usando os meios de que dispõem: as vídeos-conferências, o WhatsApp, o Zoom, entre outras plataformas da NET, que permitem continuar o trabalho num prenúncio do Futuro relativamente ao teletrabalho no conforto das nossas casas; o assomarem-se às portas e janelas para contactarem e partilharem momentos com os vizinhos, por vezes de anos e sobre os quais nada sabiam; a aproximação e formação de novas e velhas amizades numa partilha da vida do dia-a-dia; a prova a que são postos os jovens e menos jovens que, neste momento, são o suporte mais próximo de quem deles precisa; a criatividade; a abnegação; a imaginação de entrega aos outros... às vezes até mesmo de quem menos se espera. O entusiasmo com que os jovens e menos jovens se entregam a um Futuro que será o deles apanhados pelo bulício provocado pelo pânico causado por esse inimigo invisível que aparece por todo o lado, sem aviso (apesar de todos os cuidados tidos) e que de uma maneira democrática atinge todos sem excepção: grupos etários, estratos sociais, possuidores de contas bancárias nos bancos... Verifica-se ainda a capacidade de ultrapassar barreiras sem perder o sentido de humor, de solidariedade e de partilha de tempo e daquilo que se tem para oferecer... As perdas são incalculáveis, o sofrimento de quem está na linha da frente também, mas muita coisa boa está a surgir graças à vontade de vencer.





sexta-feira, 10 de abril de 2020

GRATIDÃO E O BOM SENSO...






Notre-Dame de Paris vista da parte Sul da Catedral, a partir da margem oposta do Sena, no último Domingo de Março, antes do incêndio de 15 de Abril de 2019...


(Vídeo enviado por WhatsApp, por um amigo)


Há tantas formas de expressarmos a nossa gratidão por estarmos vivos. Tal como alguém dizia, poderá ser algo como isto: Acordamos e estamos vivos __ sorrimos; deixamos passar mais um tempo e continuamos vivos __ sorrimos...

Quanto pior do que estar vivo e fechado em casa, será quem está a sofrer com o COVID-19;  quem tenha sofrido horrores antes de 2019; quem continue a sofrer durante 2019 e talvez venha a continuar a sofrer depois de 2019, também de outros males...

Vamos minorar este sofrimento com algo que, por vezes, está ausente ou mesmo morto: o BOM SENSO...

Com bom senso talvez consigamos dominar os excessos __ excesso de sofrimento; excesso de informação; excesso de zelo; excesso de optimismo; excesso de pessimismo; excesso de tanta coisa que, hoje, sentimos de uma forma mais alargada e que se estende a todos nós... Vamos acabar com os excessos e guardar o bom senso, a esperança e arregaçar as mangas para termos livres as nossas mãos para enfrentarmos o Futuro, tratando o melhor que pudermos do PRESENTE com bom senso e noção da realidade; com sentido de entrega e de missão a esses bens maiores que são: a VIDA, a PERSEVERANÇA e a insistência em algo maior ainda que é o AMOR por si próprio e pelos outros...



(Texto inspirado em muito do que vou ouvindo e lendo e não posso ignorar)