quarta-feira, 18 de março de 2020

O NOSSO DIA-A-DIA E O CORONAVÍRUS





Até aos dias de hoje a vida não tem sido igual para todos. E, vai continuar a não ser, certamente. Mas, hoje, temos que viver com uma realidade que, afecta todos, sem excepção __ a ameaça do Coronavírus.

Tal como muitos outros portuguesas e portugueses, hoje, ganhei coragem para ir ao supermercado. Havia falta de muita coisa nas prateleiras. As entradas nos estabelecimentos são controladas. Espera-se cá fora, em filas mais ou menos longas em que as pessoas estão espaçadas uma a uma. O ambiente é de calma e de paciência. Sente-se que, dentro das possibilidades, as pessoas vão cumprindo. É estranho ver algumas delas com máscaras postas e de luvas plásticas calçadas. Também fui equipada. Como não tinha máscara levei uma echarpe que, dentro do estabelecimento, enrolei em torno da cabeça de modo a tapar a boca e o nariz.

Mas senti-me atrapalhada... Põe luva, tira luva, o lenço que escorrega, os óculos que descaem... Uma confusão... E, pergunto-me: __ Quanta segurança dá realmente?!... E o porta-moedas, como tirá-lo da carteira... e o cartão como tirá-lo do porta-moedas... e as teclas do Multibanco; e a chave do carro; o abrir do porta-malas; o pôr os sacos dentro dele; o repôr, o carrinho das compras vazio, no lugar... E a mala, e o volante, agora de volta a casa e depois das trapalhadas com as luvas; pega com a direita, pega com a esquerda... 

E, as embalagens, que fazer com elas?!... O melhor é pô-las de quarentena ao chegar a casa. Mas quanto tempo tem de vida o Coronavírus sobre o plástico, o metal, o vidro, o papel?!... Tabelas há. E certezas também?!... 




Confesso. Não me senti nada confortável.  As pessoas tinham semblantes carregados e apreensivos. Eu senti-me incomodada e deslocada, sem querer acreditar naquilo em que muitos vão acreditando de que estamos num cenário como se de uma guerra se tratasse. 

Lavar as mãos segundo as regras, quando cheguei a casa, lavei. E o resto? Ao falar com amigas, queixaram-se do mesmo. Queixámo-nos dessa sensação estranha que no dia de hoje foi fazer compras nos supermercados, já que, para além das farmácias e mercearias, a maioria dos outros espaços comerciais estão fechados.

É espantoso como, estas pequenas coisas do nosso pequeno mundo do dia-a-dia a que nós tão pouca importância damos, se podem avolumar deste modo... Tudo é um quebra-cabeças. Vamos esperar que, pela lei das probabilidades, tenhamos a sorte de não nos cruzarmos com alguém infectado e em fase de contágio; que as caixas, latas e embalagens que chegaram às prateleiras de onde as tirámos não tenham passado por mãos contaminadas com o vírus ao longo da cadeia que seguem até chegarem às nossas próprias mãos. Porque, para quem tem que sair de casa para ir trabalhar ou fazer compras, isto é uma verdadeira roleta que nos deixa um pouco desnorteados. E sorte temos por ainda podermos fazer isso. Há quem não possa sair, quem não possa ir ao supermercado abastecer-se, quem não tenha as luvas cujo uso tanta confusão traz. Neste momento, tudo o que nos espera é uma incógnita, mas não podemos entrar em histeria nem em desespero... 

Entretanto, todos aqueles que puderem, vão ficando em casa de quarentena. Palavra estranha para quem está de saúde... mas ele anda aí à solta e, quanto menos se esperar, ainda nos pode vir bater à porta. É assim que, se quisermos ir dar de comer aos pombos, só temos como alternativa isto: 



...sempre nos dá a sensação de que estamos num qualquer banco de jardim ao ar livre. Será brincar com a situação?!... Mas a realidade é a de que, durante um período indeterminado, vamos ter tempo para pôr a nossa imaginação à prova e ocupar-nos com aquilo que pudermos e tivermos à mão. Para não falar no trabalho acrescido de quem tem crianças a seu cargo ou pessoas a quem dar assistência.

A música também pode ser um escape, mesmo quando melancólica e bonita como esta, servindo para um momento de pausa.




(Imagens retiradas da NET e vídeos enviados por WhatsApp)



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