terça-feira, 9 de outubro de 2018

DOURO - UMA TERRA EM SOCALCOS, VERDE E GRANITO: O PASSADO, O PRESENTE E O FUTURO











O Marão é uma presença agreste mas bela que acompanha a paisagem de parte das terras altas e produtivas do Douro…



De dia, vêem-se as pás gigantes das enormes torres eólicas que, lá no alto, vão girando a ritmos variados consoante os ventos que sopram no cimo da Serra, numa manifestação pacífica das novas tecnologias; enquanto que, um casario que se vai espraiando encosta acima em aglomerados mais ou menos dispersos, surpreende pelo facto de ser muito difícil encontrar zonas planas de maior área em qualquer ponto da parte ocupada pelo Homem, para onde quer que olhemos.  



De noite, até cerca das dez horas em que ainda estão acesas a maioria das luzes das casas que se espalham até onde a vista alcança, podemos deliciar-nos com a calma que paira no ar e aqueles inúmeros pontos luminosos que mais parecem um presépio feito de luzes.


Pequenos presépios parecem também as pequenas aldeias e lugares que se encavalitam monte acima, perdidos entre diversas árvores de fruto, cerejeiras, oliveiras, castanheiros e pinheiros, bem como nas suas latadas de videiras ou nos socalcos de vinha que rasgam as encostas bastante íngremes.


Porém, a presença de casas que hoje se encontram ao abandono, são vestígios de outros tempos em que as gentes permaneciam nos campos, antes de emigrarem para as cidades ou para o estrangeiro. Muitos dos filhos da terra partiram em busca de melhores vidas. Vidas menos duras do que a do trabalho do campo desta terra tão generosa mas tão difícil de cuidar.





Ainda assim, novas gentes têm vindo para estas terras acidentadas procurando tirar delas o melhor partido possível. Uma das potenciais fontes de riqueza, para além de uma lavoura um pouco mais modernizada, sobretudo no que respeita à vinha, será possivelmente o turismo. Velhas casas solarengas têm sido restauradas para receber possíveis visitantes; rotas turísticas como a do Românico, no Norte de Portugal, que também incluem esta zona, permitem duma forma mais organizada dar a conhecer mosteiros, igrejas e memoriais, pontes, castelos e torres que têm em comum a arquitetura românica característica desta região; a par disso, as provas de vinhos que se vão fazendo nas maiores casas da região estão a tornar-se moda.



Mas as tradições ainda se fazem sentir, é assim que capelas e igrejas vão fazendo soar as trindades em fim de tarde através dos montes e vales e são ponto de encontro em dia de missa, feriados e nas romarias que se vão sucedendo ao longo dos meses mais quentes mesmo junto à estrada, onde participam gentes da terra e aqueles que partiram para mais ou menos longe, mas que retornam periodicamente para matarem saudades das suas origens.




Descendo das terras altas, vamos ao encontro do Rio Douro que acompanha este vale como uma fita azul que torna verdejante e bela esta parte da região. Ao fundo vê-se o Peso da Régua, cidade que hoje é bastante rica em oferta hoteleira e é ponto de paragem dos barcos turísticos que sobem e descem o Rio Douro em busca da beleza impar e exemplo do esforço humano que são estas terras do Vale do Douro.


As grandes casas de lavoura junto à Régua acompanham os caprichos dos montes nas sua curvas e contracurvas vestindo-os com os seus vinhedos em fiadas bem alinhadas que aproveitam qualquer palmo desta terra tão generosa para produzir o Vinho do Porto apreciado em todo o Mundo.
   

O Douro!... É assim que partimos destas terras que foram dos nossos bisavós, avós e pais. Sabemos que, embora só cá possamos voltar de visita, foram terras de gente rija, gente de palavra e trabalhadora, amante dum mar verde e ondulado que irá ter continuação nas novas gerações que para cá vêm com novas armas e ideias de como viver numa terra que ainda tem tanto para dar…


(…)

"Oh! Douro-Poema, Homem-Menino
Se soubesses quanta vida me dás!
Em ti, nenhum sonho é pequenino
Minha alma jamais olha p’ra trás!"


(…)



Excerto de um poema de Teresa Teixeira e Jéssica Neves




Para nós, ficam a lembrança e a saudade dos tempos que foram bons e valeram tanto a pena!




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