segunda-feira, 4 de maio de 2020

A FORÇA DO NOSSO GRITO ESTÁ NO ECO DE QUEM O OUVE





"Em tempo de poucas palavras sejamos poesia na vida de alguém"... Para além da nossa voz, oiçamos quem está do lado de lá. Gentes sozinhas desejosas de se soltar e de ouvir o grito que as cumprimenta; gentes que têm os seus entes queridos do lado de cá mas não os ouvem; gentes que não ouvem os gritos, porque embora não sejam surdas, não têm quem grite para elas... (e são tantas essas gentes!...); gentes que são surdas aos gritos que são lançados porque, pela força do hábito, pensam que os gritos não são para elas e, por isso, não dão resposta;  gentes que respondem a qualquer grito, tal é a ânsia de companhia; gentes que não respondem porque estão bem assim; e, ainda, gentes que devolvem o grito na esperança de serem salvas do silêncio a que foram votadas, porque já ninguém grita por elas em busca do seu eco. 

Felizmente, para a maioria, não é assim e basta um pequeno sussurro para ouvirmos o seu eco na esperança de que breve, breve nos possamos juntar e  de que já não seja necessário eco para anunciarmos a nossa presença de um e de outro lado. Por isso, não desistamos de procurar ouvir o eco de quem está confinado há tanto tempo na sua solidão e que, (quem sabe?!..), hoje possa ter mais alguém que grite também para elas à espera de ouvir o seu eco... 




Que impere o bom senso e a sabedoria dos mais velhos. Mais velhos que tantas vezes são deixados entregues a si mesmos ou, o que é pior, ao abandono. Agora, ainda mais pela força das circunstâncias e pelo medo do que lhes possa acontecer, (quaisquer que sejam a razões), mantê-mo-los à distância. Por quanto tempo?!... Ficamos ao sabor das decisões que se vão tomando à medida que se vai conhecendo o virus que nos assusta e incute medo, sobretudo e precisamente, pelos mais velhos. Porem, aprendamos com eles as lições de vida que eles nos podem ensinar, antes que seja tarde de mais... Procuremos tempo para eles, para ouvir os sussurros e palavras doces pelos tempos que já passámos e temos o privilégio de continuar a passar. Não adiemos os nossos ecos de tempos que não voltam mais.    


  

Sem comentários:

Enviar um comentário