(...) "Ficou-me o tempo por dentro
Passou-me o tempo por fora"(1)
Os anos vão passando e as recordações e experiências vão-se acumulando fazendo-nos descobrir a nossa capacidade de adaptação a essas transformações que o tempo nos vai apresentando... Cada vez nos sentimos mais ricos de tudo o que o tempo nos foi dando, cada vez mais libertos de preconceitos, de imposições exteriores e ricos de conhecimentos e de saberes por muito que resistamos à evolução dos tempos.
Em compensação, as condições físicas vão-se alterando de forma mais ou menos rápida mas a um ritmo que acaba por igualar até homens e mulheres. É curioso ver como em reuniões de amigos que se conhecem há muitos anos, algumas das alterações físicas se vão fazendo notar quase que em simultâneo. É assim que, quando reunidos e a ter que ler a ementa no restaurante todos começam a tirar os óculos de ver ao pé. Que os sinais da pele se vão multiplicando. Que, o corpo vai deixando de responder tanto, por mais actividade física que se tenha. Alterações que nem o esforço para as evitar consegue ter sucesso absoluto. É assim que se torna nostálgico ver como homens e mulheres que um dia foram jovens e cheios de sonhos se vão transformando sendo, muitas vezes, uma sombra do que um dia foram. O corpo altera-se mas os sonhos podem continuar...
Podemos alterar tudo isto? A única forma é aceitar que assim seja e viver com o que se tem... Aceitar o antes e o depois... Alegrarmo-nos com o antes e, porque não, com o depois... Se não é por fora que seja por dentro. Já que o poder da mente sobre nós próprios tem efeitos tão fortes e nos pode ajudar a ultrapassar tantos dos obstáculos que vão surgindo com o passar do tempo.
É... o tempo que passa por dentro pode ser uma grande ajuda para o tempo que passa por fora. E, se acreditarmos nisto, tudo se torna mais fácil.
((1) - Parte de um poema de José C. Ary dos Santos)
("Tempo de Espera", pintado em 2009)
("Tempo de Espera", pintado em 2009)
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