terça-feira, 3 de novembro de 2015

"O PEDINTE" - "PÁGINAS SOLTAS" - Poema de "ZÉ NINGUÉM"





Trabalho de técnica mista (Malay - 2008)




Sinto vontade de chorar,
mas não de um choro vulgar,
com uma ou outra lágrima.
Não, não é assim!
É um chorar em convulsão,
forte, violento, profundo,
até ficar exausto.
Talvez até nem seja deste Mundo!

Depois, vazio, sereno,
tentar encontrar o motivo,
a razão da tristeza, da solidão
que como uma fonte,
está sempre a nascer
dentro de mim!

Talvez seja, ou talvez não,
a minha condição de pedinte,
de mendigo de amor,
dum carinho, dum beijo,
ou apenas de uma flor!

Eu dei tudo quanto tinha,
ao desbarato,
sem olhar a quem,
nada mais me resta
para dar!
Agora, pobre de tudo
e de sacola vazia,
sem nada de ninguém,
sem mais nada para dar,

Dão-me a mim,
por esmola,
um beijo que nada promete.
Mas mesmo assim,
guardo-o
na minha sacola!



(Poema de Zé Ninguém)


Sem comentários:

Enviar um comentário