O barco do Sr. Jorge, a ser puxado pelo trator depois de uma pescaria, é um sobrevivente dos tempos dos coloridos barcos de pesca que iam ao mar como forma de sustento de uma pequena comunidade de pescadores que deixavam os seus barcos durante o dia a repousar nas areais da praia junto às dunas e às suas cabanas onde remendavam as redes de pesca. Hoje, o Sr. Jorge vai à pesca como um "hobbie" e mantem o seu barco por carolice, enquanto que todos os outros partiram para outras paragens.
Mas eis que um outro barco aparece em plena época balnear. Coincidência ou, este barco que puxa a banana e outros equipamentos náuticos, é a adaptação de um barco que há uns anos atrás fazia parte da pequena frota pesqueira da praia de Altura?
De facto, há uns anos atrás, tive a oportunidade de fotografar os barcos que descansavam na areia da praia das lides do mar. E, entre eles, lá estava um em tudo semelhante ao que, no Verão, faz parte dos equipamentos de recreio que animam esta estância balnear em que se transformou Altura no Verão.
Pois é... Possivelmente, este é um sobrevivente que ainda hoje faz as delícias de quantos frequentam a praia de Altura e que, ao fim do dia, depois de um dia de actividade é recolhido para passar a noite na segurança e firmeza da terra, tal como acontecia com os barcos de pesca que, descansavam de dia no areal da praia, junto às dunas onde o mar não chegava, depois da faina da noite e madrugada.
O nome é o mesmo: "Governa a Vida"
Será que isso diz tudo?!
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O Conquilheiro
Outros sobreviventes são os conquilheiros que, na maré vaza, fora da época de interdição da apanha destes bivalves, vêm com as suas redes apanhar as tão apetecidas conquilhas, a par das dezenas de veraneantes que as apanham à mão esgravatando a areia encharcada com mãos e pés.
Assim o fazíamos nós também há mais de vinte anos atrás. Era um entretém e um regalo para o estômago e papilas gustativas, quando chegavamos a casa e as preparavamos como um petisco para o lanche ou para o jantar. Hoje, continua-se a apanhar estes moluscos, mas a uma escala tão grande que a quantidade já não é a mesma de outrora. Ainda assim, ainda há alturas em que a apanha da conquilha compensa.
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Outros sobreviventes, ainda, são os vendedores de bolas de Berlim que vão passando frente aos chapéus de sol anunciando os bolos que, com creme ou sem creme e, apesar de calóricos, deliciam miúdos e graúdos. De tempos a tempos, ouvimos o seu pregão __"Bolinhas!.... Bolinhas fresquinhas!..." , e lá os vemos aproximarem-se carregando as suas caixas de madeira com o seu recheio guloso... Não deve ser fácil debaixo do calor tórrido do sol, a calcorrear a areia à espera de que alguma criança corra junto deles para os chamar ou de que, algum adulto do seu chapéu de sol, lhes faça um sinal para que se aproximem e entreguem as tão desejadas bolinhas que metem num saquinho de plástico, depois de as tirarem de dentro das caixas brancas de madeira, a troco de algumas moedas.
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