A viagem não é longa saindo de Lisboa. As temperaturas são amenas. O vento é uma constante. A envolvente do hotel é agradável e verdejante, à custa de rega amiúde e em contraste absoluto com o restante da ilha que é quase na sua totalidade árida e em que a água doce será o bem mais precioso. Estamos na Ilha do Sal, uma das 10 ilhas do arquipélago de Cabo Verde, a que fica mais a Norte e perto da costa africana. É a que tem o turismo mais desenvolvido e está mais perto de Portugal continental.
Saindo do aeroporto, dirigimo-nos para a zona dos hotéis junto à povoação de Santa Maria a uns escassos 20Km. Chegámos de noite; a camioneta sacolejava na auto-estrada esburacada, aqui e ali ladeada por uma vegetação enfezada; os candeeiros que iluminavam a avenida dos hotéis tinham os globos de vidro partidos na sua grande maioria; fomos parando em vários hotéis para deixar alguns dos nossos companheiros de viagem... Aí tudo era diferente daquilo que mal vislumbrávamos no breu da noite. Os hotéis pareciam verdadeiros oásis, com as suas recepções amplas, iluminadas e arejadas. Até que, chegou a nossa vez de descer, mochila nas costas e mala na mão. Tínhamos chegado à principal zona turística da Ilha do Sal, onde o areal é a perder de vista perto do povoado de Santa Maria e onde a brisa se faz sentir dia e noite.
Promessa de um paraíso em terras caboverdianas...
A nossa estadia tinha começado. A impressão com que tínhamos ficado aquando da nossa chegada permaneceu: a envolvência do hotel era extremamente agradável. Aqui, a vegetação escassa, enfezada e inclinada pelo vento da parte de fora do hotel, dava lugar a um jardim cheio de flores e plantas tropicais... seria esta uma constante na ilha? Breve verificámos que não era o caso. Logo do lado de fora do hotel, do outro lado da estrada, o que se vê são terrenos áridos e paupérrimos em vegetação. No entanto, aqui sentíamo-nos protegidos dos ventos constantes desta terra e voltados em concha para um mar lindo matizado de turquesa e azul marinho... daqui é possível desfrutar duma vista tranquila e magnífica, em grande parte criada pelo Homem já que, a sobrevivência natural da maior parte das espécies vegetais, é praticamente impossível sem a rega artificial.
Ao fundo, Santa Maria espreita convidando-nos a visitá-la e aos seus habitantes locais que se movimentam no seu tão típico pontão, numa azáfama de chegada das pequenas embarcações dos pescadores com peixe que de imediato é amanhado e comercializado... E onde, as actividades náuticas e a venda de artesanato dão um acréscimo de movimentação, sobretudo por volta das onze da manhã.
No céu, as nuvens passam rápidas em promessas de chuva que não cai em terra... Nuvens altas, outras mais baixas, em flocos de algodão ou camadas densas que são o desespero de uma ilha seca e sedenta de água doce, mas que, pelo facto de não ter relevos capazes de as "fixar", as vai vendo seguir o seu caminho tornando esta terra pobre e dependente de tudo... Valha-lhe agora o turismo! Uma aposta que é para continuar, agora que os efeitos da pandemia estão mais atenuados...
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