QUE SERÁ QUE É
FEITO DELE?
Qual é verdeira? É uma questão de prespectiva. Aquilo que para uns pode ser o Céu, para outros é o Inferno. Depende do ponto de vista e da nossa capaciade de transformar o azedo do limão num sumo doce e saboroso, para quem gosta de limonada...
Que será feito dele? Quase sempre que
se entrava na vila ele lá estava deitado, no meio dos seus parcos pertences, na
calçada e à sombra da árvore, encostado aos altos muros que davam para a
Marginal... De Verão e de Inverno, dormindo, comendo ou talvez meditando,
de dia ou de noite, votado à indiferença de quantos que por lá passavam de
carro. Vista privilegiada sobre a Baía de Cascais. As barbas brancas sempre por
fazer.
O Natal aproximava-se. Aquela visão
incomodava. Até que um dia ela se aproximou dele levando-lhe que comer, um
agasalho e um coração com um botão... Aceitou que comer. Guardou a manta que
disse ainda ir pensar se ficava com ela. Mas recusou o coração. Segurou nele e,
olhando para ela, disse, olhando-a firmemente nos olhos: __ " Não. O
coração não. Guarde-mo. Quero que fique com ele. Tome conta dele." Ela
respondeu: __" Está bem eu guardo-o! Mas diga-me, porque insiste em
permanecer aqui deitado na rua de dia e de noite, de Verão e de Inverno?".
__ "Eles querem dar-me uma casa. Eles querem-me tirar da rua. Mas eu
cansei-me de gritar. Agora grito calado. Fico aqui à vista de toda a
gente...". Seria descompensado, louco?!... A conversa tinha uma certa
coerência, tinha uma voz forte e bonita, aquele homem que parecia tão distante
tinha sentimentos, tinha ideias, mas continuava na rua porque estava
"cansado de gritar". Mas gritar o quê? Não respondeu.
Um dia desapareceu como que por magia.
Passaram-se dias, meses... Ficou a marca na calçada na zona onde se
instalava... As pedras estavam mais escuras. Era debaixo daquela árvore que
assentava praça. O tempo foi passando, vieram as águas das chuvas, veio o
quente do Sol, os homens da limpeza da câmara e a marca desapareceu. Debaixo de qual das árvores se deitava
com os seus haveres. Ficou apenas na lembrança de quem por lá passava a
imagem de um homem aparentemente abandonado de tudo e todos... Se calhar abandonado dele próprio. Um homem
que gritava calado. O que "gritaria" ele?!... Este Natal já lá não
está. Vamos ficar sem saber.
O lugar ficou vazio. Mas o coração
ficou guardado. Quem sabe se o "grito" daquele homem de barba branca
e cabelo grisalho se faz sentir através dele?!... Quem o ouvirá? Quantos
homens e mulheres não gritam calados mas desesperadamente no silêncio das
suas casas, ou nos cantos onde dormem, a sua SOLIDÃO?!...
Se calhar, não é preciso procurar muito longe... e nos
lugares mais inesperados vamos encontrar quem precise dos nossos corações.
“SE
DEUS EXISTE...”
SE DEUS EXISTE ELE ESTÁ NO MEIO DE NÓS
Poderemos
caminhar firmes em direcção aos nossos projectos se acreditarmos nos nossos
sonhos e em algo que conduz os nossos passos...
A PARTILHA DO PÃO E DO VINHO
,
SONHO DE UM MUNDO DE JUSTIÇA
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