Jardim do Centro Champalimaud
Como em tudo na vida, se falarmos sobre o que nos aflige sentimo-nos menos sós e encontramos respostas e ajuda para tornar problemas grandes em coisas menos más. Hoje, falar sobre cancro não é tabu, é uma necessidade e o exemplo e experiência de outros torna-nos mais fortes e menos receosos em relação ao que se desconhece e receia.
A investigação sobre o cancro tem evoluído de tal forma que quando nos dirigimos a um centro de confiança, essa confiança passa para nós através dos médicos e dos profissionais que lutam para combater esta doença que hoje começa a não ser tão letal mas continua a ser tão frequente. Bate à nossa porta. Bateu à da minha família, de amigos, e tanta gente conhecida... Espreita-me também a mim.
Porquê falar disto? Porque, primeiro de tudo, está a prevenção. As campanhas multiplicam-se, investe-se na investigação e nos meios de diagnóstico... Mas, quando falei sobre o que me está a acontecer, uma amiga respondeu-me: " __Também acho que tenho que ir ao médico já não faço nada há alguns anos. Acho que agora tenho mesmo que ir. Não posso deixar passar. Tem mesmo que ser"...
"__ Acho que não preciso, faço a palpação e não sinto nada..."; "__ ... tenho a impressão de que, quantos mais exames, maior é o risco de contrair o cancro..."; "__ ... não gosto nada das mamografias..." ; Ouvi dizer isto e não foi por parte de desconhecidos.
Pois é... Mas apesar do cuidado, fui surpreendida por uma lesão que terá de ser tratada... Aparentemente, não tenho nada; não palpo nada; mas a verdade é que ela está lá e tem que ser controlada. A predisposição genética ditou um cuidado mais acentuado... e, graças aos exames, ela foi descoberta.
Agora há que a tratar e evitar que evolua para pior. Daí a cirurgia e a radioterapia. Também aqui a partilha com quem já passou por estas lides me tem ajudado. E ainda vou no princípio daquilo por que terei de passar.
Fiquei a saber que os exames de diagnóstico como a ressonância magnética mamária e a biópsia não são tão raros assim. É significativo, o facto de algumas pessoas do meu pequeno círculo de relações terem que ter passado por isso. O que me ajudou a ultrapassar essa fase na esperança de que comigo não viesse a ser nada de maior. Porém, a expectativa foi gorada.
Mas, ainda assim, apesar dos resultados pouco satisfatórios dos exames e em vista da necessidade de operar, também tive o incentivo positivo de quem já passou por uma cirurgia... Sei que não será muito fácil mas "o espírito optimista poderá ajudar". "Será mesmo essencial" __ afiançam-me.
Quanto à radioterapia, também por quem a teve que fazer, o incentivo foi positivo. Não é um processo tão invasivo assim. E, os resultados foram bons, conseguindo ultrapassar os problemas, ao recuperar e fazer uma vida normal por muitos anos.
No meu caso, espero ardentemente que não seja necessário mais do que a radioterapia para tratamento da zona afectada. Mas, a única certeza com que fico, é a de que temos que prevenir... por isso, porque não falar sobre esta doença que nos pode ameaçar com mais frequência e imprevisibilidade do que possivelmente pensamos?!...