domingo, 23 de setembro de 2018

O FORTE DE SANTO ANTÓNIO DA BARRA E O FIM DO REGIME DITATURIAL DE SALAZAR








Desde miúda que, ao passar na Marginal entre S. Pedro e S. João do Estoril, conseguia vislumbrar esta pequena fortificação, envolta em algum mistério e por uma vegetação mais ou menos densa que pouco deixava adivinhar da sua presença e estrutura. Hoje, recuperada, está aberta ao público e eu tive, finalmente, a oportunidade de a visitar mais de perto. Não chegámos a entrar no interior das instalações, o que fica para uma próxima oportunidade, porque não admitem cães e, hoje, levávamos o nosso Teco.

A estrutura desta pequena fortificação remonta à época da Dinastia Filipina, quando Filipe I incumbiu o engenheiro militar e arquitecto  napolitano, frei Giovanni Vicenzo Casale, de elaborar uma planta de Cascais bem como uma carta da costa até São Julião da Barra. Entre as preocupações do monarca estava a melhoria o sistema defensivo da barra de Lisboa (1586), zona pela qual se concretizou a campanha  do Duque de Alba para tomar a capital e o trono portugueses, e em que a ameaça de corsários ingleses e holandeses era uma possibilidade. Com estas fortificações, D. Filipe pretendia, portanto, evitar o acesso a Lisboa pelo rio e eventuais desembarques na linha de costa entre São Julião da Barra e Cascais.



As bonitas guaritas cilíndricas com cúpulas nos vértices são pontos de vigia tanto de terra como do mar. Hoje, desactivadas são, no entanto, vestígios daquilo que delas se esperava em tempos mais remotos.



Esta fortificação marítima apresenta uma planta poligonal irregular estrelada que a torna única neste conjunto de fortificações que estão dispersas ao longo da linha de costa de Cascais até Santo Amaro.


 Entre as duas linhas de muralhas do forte abre-se o fosso.



O forte, debruçado sobre o mar, parece atento a todo o movimento que se faz naquele lençol azul, debruado com uma fina renda de espuma… É hoje um ponto turístico. Teve no passado inúmeras funções.





Um dos períodos mais emblemáticos do Forte de Santo António resultou da escolha, por parte do presidente do Conselho de Ministros, António de Oliveira Salazar,, para aqui estabelecer a sua residência de Verão entre 1950 e 1968. Seria neste forte que, em 3 agosto de 1968, Salazar sofreria um acidente doméstico, ao cair quando tentava sentar-se numa cadeira. Este episódio foi decisivo no processo de decadência do seu regime. O agravamento do seu estado de saúde conduziria à nomeação, em 18 de Setembro, do Professor Marcello Caetano, como Presidente do Conselho e ao início das alterações das condições políticas em Portugal que viriam a culminar com o fim de uma ditadura de 40 anos. 




(Informações retiradas da NET e fotos de 22 de Setembro/2018)

O forte visto do mar.
(Foto retirada da NET)





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